Jean-Luc Almond |
A mulher repete e se renova enquanto se repete, por
circularidade intrínseca, por seu mental-emocional acolhedor, arredondado. O
homem se repete no tédio, no vício ou na rotina. Por fazer o mesmo parece não
encontrar apreço: por isso a pressa, a infidelidade, certo tom
[especificamente masculino] de atavismo, de sempre-o-mesmo. Quanto aos
"esboços suspirando porvires", nossos eternos ensaios, não têm
gênero, atingem ambos os sexos. trata-se de outra circularidade ou, mais
propriamente, de um "semicírculo": o quase ou talvez, ou "não,
ainda", o oposto do antídoto para viciados ["só por hoje"].
O tempo como propósito [telos] ou desapego são dois extremos
igualmente válidos [e quanto isso soa impopular no Ocidente]. Ainda há o tempo
biológico, o cultural, o tempo ultracondensado das depressões e síndromes de
pânico ["a eternidade das penas", um tempo mítico], os tempos com
suas específicas espessuras e lastros.
Circularidade perfeita? A manutenção do zelo no cuidado.
Circularidade de Yemanjá ou de Maria. De Isabel, de Ana, de Nanã: de Mãe ou Avó
Vitalícias.
Marcelo
Novaes
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